Trabalho da disciplina Intrumentação Eletrônica
Paulo Neis
Abril de 2000
O efeito Hall se caracteriza basicamente pelo aparecimento de um campo elétrico transversal em um condutor percorrido por uma corrente elétrica, quando o mesmo se encontra mergulhado em um campo magnético.
Considere a Figura 1, onde um filme de material semicondutor é percorrido por uma corrente elétrica constante. A distribuição de corrente sobre o mesmo é uniforme, e não existe diferença de potencial na saída.
Na presença de um campo magnético perpendicular (Figura 2), o fluxo de corrente é distorcido. A distribuição resultante provoca o aparecimento de uma DDP entre os terminais de saída. Esta DDP é chamada Tensão Hall.
Uma equação que descreve superficialmente a interação entre campo magnético, corrente e Tensão Hall é:
Onde:
k: Constante, definida pela geometria do elemento Hall e pela temperatura ambiente.
I: Corrente que flui através do elemento.
Componente
do campo magnético perpendicular ao filme.
A tensão Hall é um sinal bastante débil, da ordem de 20 a 30 microvolts, em um campo magnético de 1 gauss. Um sinal desta magnitude requer um amplificador com características de alta impedância de entrada, baixo ruído e ganho considerável.
Na Figura 3 é mostrada uma curva que caracteriza qualitativamente o comportamento do sensor de efeito Hall. Para valores de campo magnético além do alcance especificado, a resposta obtida não mais será linear, comprometendo assim a exatidão da medida, porém sem causar danos ao transdutor.
Transdutores de corrente por efeito Hall são capazes de "enxergar" correntes dc, ac e formas de onda complexas. Uma característica importante é sua capacidade de realizar isto tudo estando isolado galvanicamente do circuito principal. As principais vantagens são o baixo consumo, pequeno tamanho e peso. Perdas por inserção são praticamente nulas e sobrecorrentes não chegam a causar danos ao circuito de medida.
Um transdutor de corrente em laço aberto é ilustrado esquematicamente na Figura 4. Observa-se a presença de um gerador Hall montado na fenda (gap) de um circuito magnético constituído por um toróide. O condutor transportando corrente passa através da abertura do toróide, e produz um campo magnético proporcional a esta. O toróide concentra o campo magnético sobre o elemento Hall, cuja saída é amplificada.
A linearidade desta configuracão depende essencialmente das características do material magnético do toróide e da qualidade do gerador Hall.
Exemplos de transdutores de corrente em laço aberto são os da série PRO e X da AMP-LOC.
Na figura 5 é esquematizado um transdutor de corrente em laço fechado. Pode-se notar, como anteriormente, a presença do elemento Hall montado no gap de um toróide de material magnético, através do qual passa o condutor transportando a corrente que se deseja medir. A diferença em relação ao caso anterior é que a saída do elemento Hall (devidamente amplificada) passa por uma bobina enrolada sobre o próprio toróide, de forma a produzir um campo magnético igual em módulo, porém oposto ao original. Isto nos garante que o fluxo através do toróide será sempre próximo de zero. A saída do transdutor é um sinal de corrente, que pode ser convertido para tensão conectando-se um resistor de carga.
Esta técnica traz significantes melhorias à performace do transdutor, eliminando efeitos da não-linearidade do núcleo magnético.
Exemplos de transdutores de corrente em laço fechado são os da série CS da AMP-LOC.
Tipo: |
Laço fechado |
Corrente nominal: |
±200A |
Faixa: |
0 ~ 400A |
Saída nominal: |
100mA |
Relação de espiras: |
2000/1 |
Resistência de medição: |
0 ~ 20ohm |
Exatidão (25 C): |
0,50% |
Alimentação: |
±12V ~ ±18V |
Consumo de corrente: |
15mA + corr. de saída |
Excursão devido à temperatura: |
máx. 0,3mA (-25 à 85C) |
Linearidade: |
Melhor do que 0,1% |
Tempo de resposta: |
Melhor do que 0,6us |
dI/dt: |
Melhor do que 70A/us |
Faixa de frequência: |
DC à 250kHz |
Encapsulamento: |
Anti-chama |
Tensão de isolamento: |
5kV/50Hz/1min |
Temperatura de operação: |
-25 à +85C |
Temperatura de estocagem: |
-40 à +100C |
Obs.:
A temperatura da barra condutora não deve ultrapassar 100C.
Uma tensão de saída positiva é obtida quando a corrente flui no sentido da seta (ver figura 7).
a) Saída proporcional à corrente total na barra (figura 8):
Usada quando se deseja medir todas as componentes (AC e DC) presentes na barra.
b) Saída proporcional à corrente AC (figura 9):
Usada quando se deseja medir apenas as componentes AC presentes no circuito.
c) Chave digital (comparador) com ponto de operação ajustável (figura 10):
Pode ser usada para acionamento, proteção de sobrecorrente, etc.
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